As Crônicas de Gelo e Fogo

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domingo, 11 de janeiro de 2009

Templo é dinheiro

Ex-deputado entra na Justiça paratentar reaver “doação” deUS$ 3,2 mi à Universal

Mário Chimanovitch, em 14/04/2004.

Se arrependimento matasse, confessa o ex-deputado estadual Waldemar Alves Faria Jr. (PL-SP), “eu estaria morto e enterrado há muito tempo.” O desabafo do ex-parlamentar – que foi eleito com o apoio da Igreja Universal do Reino de Deus – deve-se ao fato de haver doado diretamente ao fundador da igreja, bispo Edir Macedo, entre 1997 e 1998, cerca de US$ 3,2 milhões.

O arrependimento acaba de se transformar numa Ação de Revogação de Doação por Ingratidão, acolhida pelo juiz Wanderlei Sebastião Fernandes, titular da 39ª Vara Cível de São Paulo, que determinou a imediata citação de Macedo. Faria Jr. disse que, na condição de ex-obreiro e crédulo seguidor dos ensinamentos evangélicos difundidos pela Igreja Universal, ficou totalmente submetido aos interesses pessoais e empresariais de Macedo: “Os US$ 3,2 milhões foram transferidos diretamente a Edir Macedo e não à Igreja Universal, como deveria ser feito. O bispo havia me pedido dinheiro como empréstimo pessoal, que acabou se transformando em “doação” a ele, Macedo, diante do seu irresistível apelo e da promessa de que todas as portas da igreja e da Rede Record me seriam abertas”, desabafa Faria Jr. “Eu destinava mensalmente dízimos milionários à igreja, chegando inclusive a doar um automóvel BMW 540I, que passou a ser usado por um dos bispos que atuam no Rio de Janeiro.”

Ao se ver totalmente descapitalizado, já que sua empresa, que tinha 400 empregados, hoje só conta com quatro, o ex-deputado tentou de todas as formas contato com o bispo Macedo, que se recusava a recebê-lo. Faria Jr. diz ainda que o fundador da Universal, em diversos eventos religiosos, fez referências a ele, acusando-o de “não estar mais na fé e haver se transformado num perdido, que, por ter pecado tanto, tudo havia perdido”. Nos autos da ação há acusações também contra a Record: “A emissora teria emitido um grande número de duplicatas falsas, entre 1997 e 1999, apoderando-se de mais de R$ 15 milhões de recursos da empresa de telemarketing pertencente a mim e a meu irmão.” Faria Jr. adiantou que vai procurar o Ministério Público Federal para denunciar Macedo e a Rede Record, que fraudaram, segundo afirma, a determinação que proibia a realização de sorteios lotéricos pela televisão, no sistema conhecido como disque 0900. Prestando serviços para a Record, segundo o próprio Faria Jr., sua empresa faturou R$ 125 milhões entre fevereiro de 1997 e julho de 1998. Procurados por ISTOÉ, nem o bispo Macedo nem a direção da Rede Record quiseram se manifestar sobre as acusações feitas pelo ex-deputado.

Fonte: IstoÉ.

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