As Crônicas de Gelo e Fogo

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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Prisão de cantor evangélico

Daniel Dial foi encaminhado para a 4º DM
Caso não pague a dívida ele ficará preso por 60 dias

O cantor evangélico Daniel Dial, ex-vocalista da Banda Calcinha Preta, está sendo encaminhado neste momento para a 4º Delegacia Metropolitana de Aracaju (4ª DM) do conjunto Augusto Franco. Ele ficará preso por 60 dias cumprindo a pena civil, caso não pague a débito calculado no valor de R$12 mil, referente a pensão alimentícia de seu filho.

Dial foi preso na manhã desta quinta-feira, 29, por agentes da Polícia Federal em Aracaju. O filho é do casamento com a ex-miss Sergipe, Roberta da Graça. O caso ficará sobre a responsabilidade do delegado Alessandro Vieira.De acordo com a assessora de comunicação da Polícia Federal em Sergipe, Mônica Horta, a prisão se deu para cumprir o mandado expedido pelo juiz Luiz Cláudio Bonasini da Silva, da 3º Vara de Família do Mato Grosso do Sul e foi homologado pela 10ª Vara Criminal de Aracaju, que expediu mandato civil para a Polícia Federal cumprir.

O cantor foi detido em sua residência na capital sergipana e encaminhado a sede da PF.
Fonte: Infonet.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Descubra se alguém mente para você


Por María Jesús Ribas / EFE Reportagens

Por necessidade, para conseguir algo, evitar um castigo, não causar dano, sobreviver, manipular, para exagerar os méritos próprios ou dissimular os aspectos menos agradáveis de nossa personalidade, ou ainda por costume. As razões são muitas, mas o certo é que todos mentimos em algum momento, embora não gostemos de reconhecê-lo.Não é apenas importante aprender a defender a verdade, porque com o passar do tempo ela nos leva mais longe na vida; também é preciso descobrir quando nos mentem deliberadamente. Por trás da mentira podem se esconder intenções pouco benéficas para nós.

Permanecer atento a alguns elementos da conversa da pessoa com a qual nos comunicamos, sobretudo a alguns indícios muito reveladores em sua forma de se expressar, é uma das maneiras mais simples de averiguar se quem fala diz a verdade.Os sinais do engano
As pistas não são infalíveis, mas quando se acumulam são um claro sinal de que alguém está nos "contando uma história", ao invés de nos dizer o que está acontecendo ou pensa de verdade.
É provável que uma pessoa esteja mentindo quando:

Dá uma determinada informação ou dado sem razão aparente ou nenhuma necessidade. Nesses casos convém perguntar por que faz isso, já que essa "cortina de fumaça" costuma ser um indício de que ela quer esconder outra coisa que não deseja revelar. Alguém se desculpar ou se justificar sem que o tenham pedido costuma ser outro indício inequívoco de que não está dizendo a verdade.

Lança opiniões a respeito de uma terceira pessoa ou de uma situação com uma mistura de humor e ironia que acabam sendo excessivos. As brincadeiras saudáveis são agradáveis para todos os que as ouvem, e fazem todos sorrirem por igual de maneira natural. Quando são realizados comentários com "humor demais" ou uma hilaridade forçada, costuma-se esconder alguma opinião negativa, "envenenada" ou depreciativa. O sarcasmo é um sinal frequente de hostilidade mal-dissimulada.

Dá respostas excessivamente longas ou vagas> Os mentirosos costumam recorrer a este tipo de contestação para esconder ou deformar a verdade. Também costumam fazer rodeios, ou então contestar com outra pergunta, para evitar entrar totalmente em um assunto ou se esquivar de um tema. Para comprovar se se trata de uma manobra de distração, convém esquecer o tema e voltar a abordá-lo quando o interlocutor estiver relaxado ou tenha mudado de atitude. Se ele novamente começar a dar respostas "nebulosas", há razões para suspeitar que mente ou tenta esconder a verdade.

Recorre a uma série de "frases feitas" para começar suas afirmações."Vou ser sincero com você". "A verdade é que...". "O certo é que...". "Você não vai acreditar, mas...". "O que me aconteceu é incrível!". Por trás desses comentários, que costumam se referir à veracidade do que se vai dizer, na realidade vem o contrário: uma ou várias mentiras. A pessoa que as diz sabe que está cometendo um embuste, e inconscientemente tenta compensá-lo assegurando que diz a verdade.

007 concorrência ao 6-3-3


Chegou ao mercado mais uma camisa comemorativa de futebol. Este material promete ser um sucesso de vendas e abalar o marketing do futebol brasileiro.

Desta vez o patrocínio é aliado a Hollywood, e leva em sua estampa a famosa série do espião James Bond, o famoso 007. Com a ajuda do famoso personagem, a camisa ajudará a promover as conquistas de um clube paulista.

Adivinhem qual é o clube por trás deste revolucionário plano de marketing?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

América Vs Uberlândia

O Uberlândia E.C. começou bem o Campeonato Mineiro - 09, mas poderia ter sido melhor.

A equipe perdeu na estréia para o Cruzeiro devido a uma falsa penalidade anotada pelo árbitro da partida.

O Verdão demonstrou muita disposição e garra na estréia agradando a sua torcida que compareceu ao estádio João Havelange, o Parque do Sabiá.

Para a segunda rodada do MG-09, o UEC visitará o América na capital mineira que, segundo o site oficial do Verdão, será transmitido pela Rede Integração em canal aberto para todos telespectadores de sua área de abrangência, às 22 horas, hoje 28/01.

Além da transmissão pela televisão, a rádio Globo Cultura AM, sintonia 1020, também transmitirá o jogo ao vivo.


Visite o site oficial do Uberlândia Esporte Clube.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Avarentos

Não sou dizimista. Já fui. Não sou mais.
Nenhum devorador atacou a minha casa.
Nenhum demônio ou gafanhoto saqueou a minha despensa.
Não sou nenhum ladrão, sou apenas alguém que entendeuque o dízimo era para os judeus e não para os cristãos.
Os pregadores me chamam de ladrão, eu os chamo de mentirosos.
Eu não sou judeu e eles não são levitas.
Se o dízimo está sendo um peso para sua vida, alivie-se desta carga.
Não dizime com cheque pré-datado, dinheiro emprestado,cartão de crédito nem depósito bancário.
Não dizime sobre aquilo que você não tem.
Não suje seu nome, muito menos o nome de Deus.
Não se renda a chantagens emocionais ou espirituais.
Não tenha receio de recusar envelopes com pedidos de oferta.
Se o envelope já estiver no seu banco, rasgue-o ou coloquea quantia que você quiser, e não ponha o seu nome.
Não creia em promessas espirituais, físicas ou financeirasprecedidas de pedidos de ofertas em dinheiro.
Jesus nunca fez isso, nem os apóstolos.
Os homens que mais pedem dinheiro são os mais miseráveis e também os mais avarentos.
Os apóstolos Paulo e Pedro também não eram dizimistas.
Biil Gattes , o homem mais rico do mundo não é dizimista, no entanto, tem distribuído em vida parte de sua fortuna.
A verdadeira obra de Deus não vai acabar pela falta do dízimo, mas pode ter certeza que os pilantras e picaretas da fé vão desaparecer.
É o que eu espero.

texto de A.Porto que está circulando pelo mundão digitaldica do José Freire Silva Filho

Muito interessante as considerações do sr. A. Porto. Algo a se pensar e refletir...

Transtorno Bipolar

Aprenda a conviver com portadores do transtorno bipolar
Como equilibrar essa gangorra e estabilizar os altos e baixos do humor?

(...) Conhecido até o início da década de 90 pelo nome de psicose maníaco-depressiva, o transtorno bipolar nem sempre é fácil de ser identificado. Até receber o diagnóstico correto, um paciente pode ser levado a consultar-se com três médicos diferentes, num calvário que demora anos fora os meses necessários para chegar ao medicamento certo e às doses adequadas, depois de constatado o distúrbio. Reconhecer o transtorno bipolar na infância é ainda mais complexo. Na maioria dos adultos, as manifestações clínicas são clássicas o humor oscila de um extremo ao outro, da alegria incontrolável e raciocínio veloz à depressão e apatia. No caso das crianças, não é comum ocorrer essa gangorra emocional. A doença se apresenta por meio de uma conjunção de sintomas menos específicos, como impulsividade, irritabilidade, dispersão, agitação e acessos de raiva.

Por causa dos sintomas pouco específicos, é recorrente que a criança bipolar seja diagnosticada com outros males, como o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e a depressão. Para fazer o diagnóstico diferencial, é preciso ficar atento a sinais de humor cíclico e analisar o histórico familiar. Quase metade das pessoas que sofrem de transtorno bipolar tem outros casos na família.

Até a década passada, os especialistas que defendiam que a doença podia aparecer em crianças eram vistos com reservas". Vinte anos atrás, publicavam-se cerca de dez estudos científicos por ano relacionados à bipolaridade infantil menos de um décimo do que se publica hoje. Há uma escassez de médicos capazes de reconhecer a desordem bipolar e como tratá-la. Crescer é muito difícil para crianças com desordem bipolar. A última coisa que precisamos é de diagnósticos errados e tratamento para o que não temos.

A constatação de que crianças manifestam o transtorno é positiva, já que antecipa o tratamento, mas tem uma contrapartida: um grande número de diagnósticos apressados. Muitos médicos sem experiência clínica com bipolaridade acabam por prescrever remédios pesados a seus pacientes, sem examinar mais a fundo o quadro. Outro problema que ocorre é gerado pelo fato de que a sociedade desconhece os transtornos mentais. Transtornos mentais em criança, pior ainda! Muita gente ainda acha que criança não deprime e que fica ansiosa. Criança, pensando em morrer? Ah! Imaginem, é muito pesado para os pais sequer levantarem essa hipótese... o que contribui para um desconhecimento dos sintomas e um atraso muito grande na realização de um diagnóstico e tratamento. Vemos que normalmente a mãe percebe. Ah, a mãe desconfia. Ela pode até não saber explicar o que o filho dela tem, mas ela sabe que ele tem alguma coisa . O clima em casa e na escola fica sombrio e a angústia toma conta da família. Não tardam as brigas, os gritos, xingamentos e muitas vezes, a violência pode tomar conta daquela família. Separações são freqüentes. A sensação de impotência e incompetência toma conta de todos. Todos ficam como algemados, sem saber o que fazer. Uns, ficam esperando pelo dia de amanhã, pois quem sabe, Deus ajuda e o menino acorda mais calmo...

O Transtorno Bipolar do Humor na Infância e Adolescência é uma condição que precisa ser muito divulgada e conhecida por todos nós. Os portadores precisam conhecer a fundo o mecanismo do problema. A família também, pois assim eles se unirão e se fortalecerão, no sentido de conseguir calma e tranqüilidade para prosseguirem no tratamento de modo correto.

Evelyn Vinocur é psicoterapeuta cognitivo comportamental. Atua na área de saúde mental de adulto e é especializada em saúde mental da infância e adolescência. Para saber mais, acesse: www.evelynvinocur.com.br

Fonte: Yahoo! Beleza e Saúde.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Liberdade vigiada

Tragédia

Bispa da Renascer: 'É bom não mexer conosco'

Flávio Freire, O Globo, Aiuri Rebelllo, Daniele Borges, Diário de S.Paulo

SÃO PAULO - Uma semana depois do acidente na Igreja Renascer de São Paulo, quando o teto caiu e nove pessoas morreram, os bispos Sonia e Estevam Hernandes realizaram neste domingo um culto via satélite, diretamente de Miami, a cerca de mil fiéis que lotaram o Club Homs, na Avenida Paulista. Detidos nos Estados Unidos, os dois classificaram de fatalidade a tragédia e disseram que "irão se levantar contra os inimigos que nos perseguem".

- É bom não mexer conosco, ou nos levantaremos para perseguir nossos inimigos assim como nos perseguem - disse Sonia.

O culto foi realizado mesmo diante de multas aplicadas pela prefeitura, sob a justificativa de que a direção do clube não havia apresentado alvará de funcionamento.

- Estamos recebendo uma multa por hora. Sabe o que significa essa multa? Uma tentativa de impor humilhação à igreja - disse Estevam, aplaudido pelos fiéis.

Sonia dedicou cerca de 20 minutos do discurso para pedir ofertas aos fiéis. Enquanto pregava, funcionários da Renascer andavam por entre as cadeiras carregando máquinas de cartões de crédito e débito e sacolas vermelhas onde se colocavam os envelopes com dinheiro. Nele, o aviso: "Em caso de cheque, favor cruzar e colocar nominal à igreja. Pois assim diz o Senhor Deus: A farinha da panela não acabará". Em seguida, enquanto os fiéis davam dinheiro, a bispa pregou:

- Agora não tem mais minha nem sua, a oferta é nossa - disse ela.

Funcionários da igreja vigiavam os jornalistas que acompanhavam ao culto. Não era permitido tirar fotos. Na hora da oferta, os seguranças da Renascer reforçaram a vigília sobre os repórteres.

Enquanto a bispa pregava, funcionários da Renascer andavam carregando máquinas de cartões de crédito e débito e sacolas onde se colocavam os envelopes com dinheiro e cheques.

O culto começou às 17h e foi até as 18h40. Sônia pregou por uma hora e dez minutos no telão. Nos últimos 15 minutos, Hernandez apareceu na frente das câmeras e disse algumas palavras. Reforçou que o templo estava completamente legalizado e que a tragédia foi uma fatalidade. Segundo ele, a bispa pregou com "o fogo de Deus".

Sem templo para realizar seus cultos desde que o teto de sua sede, no Cambuci, desabou há uma semana, a Renascer em Cristo alugou dois salões do tradicional Clube Homs, na Avenida Paulista, e realizou cinco cultos no local neste domingo. Mas, sem liberação para realizar reuniões do tipo, o clube recebeu quatro multas da Subprefeitura de Pinheiros.

A primeira autuação foi na sexta-feira, quando os fiscais constataram a falta de autorização para receber público superior ao de 500 pessoas. O clube foi notificado, multado em R$ 34.500 e proibido de abrigar eventos até que toda a documentação fosse apresentada. O prazo para a entrega se esgota na próxima sexta-feira, dia 30.

No sábado, a Subprefeitura recebeu uma denúncia anônima informando que estava acontecendo um casamento no local. Fiscais flagraram a irregularidade e entregaram uma segunda notificação. De acordo com a Subprefeitura, a multa foi de cerca de R$ 1.800, valor que corresponde a 20 UFMs (Unidade Fiscal do Município). O mesmo voltou a acontecer mais duas vezes ontem, quando o clube abrigou cultos da Renascer às 8h, 10h, 15h, 17h e 19h, mesmo sem a documentação necessária. Fiscais estiveram no Homs nas sessões das 15h e das 17h, prometendo voltar às 19h.

O bispo Geraldo Tenuta, presidente da Renascer, falou sobre a fiscalização: "Fico triste com a pressão que a imprensa está fazendo sobre a Renascer, o que está provocando prejuízo ao Homs". A assessoria do clube não soube informar se as multas serão ou não pagas.

Fonte: O Globo.

Mão boba

FOTO: 'mão boba' ataca na comemoração de Beckham, Seeedorf e Pirlo
Depois do gol na vitória sobre o Bologna, meia recebe os 'parabéns' de companheiros

GLOBOESPORTE.COM
Bolonha, Itália


Beckham fez um dos gols do Milan na goleada por 4 a 1 sobre o Bologna, neste domingo, pelo Campeonato Italiano. Foi o seu primeiro pelo novo clube. E será que ele se surpreendeu com a comemoração dos seus companheiros? Na verdade, a foto engana, pois o famoso tapinha é algo comum no futebol. Mas o ângulo é cruel, não é?

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Use o marketing pessoal para 'turbinar' sua vida profissional em 2009

Cuidar bem da imagem no trabalho pode trazer benefícios profissionais.

Ligia Guimarães
Do G1, em São Paulo (texto completo)

"É muito importante o marketing pessoal. As pessoas, em geral, são contratadas pelo conhecimento técnico e demitidas pelo comportamento", diz o presidente da Curriculum.com.br, Marcelo Abrileri.

Seja natural

Para consultora de RH da Catho, promover o trabalho não requer necessariamente uma atitude totalmente expansiva ou de "narrar" cada ato realizado durante o dia de trabalho que todos os colegas ouçam.

"Não precisa forçar nenhuma atitude, a pessoa tem que desenvolver o estilo dela de apresentar suas idéias. Se for mais serena, mais tranqüila, pode se sentir melhor escrevendo do que falando, por exemplo", diz Rosemary.

"O que ela não pode é ficar no cantinho dela fazendo só coisas que não aparecem. Mas não se pode atropelar ninguém, tem que ser ético", explica.

Seja sutil


"Dizem que hoje a gente come ovo de galinha porque a galinha cacareja quando põe um ovo. A pata também bota ovo, mas é mais discreta", ensina Marcelo Abrileri. A linha entre a promoção do trabalho e a arrogância, no trabalho, é tênue.

"Tem que ser feita com cuidado, de mandeira sutil. Cuidar para não ser exibida, arrogante: pode gerar antipatia", diz.

Seja melhor


Invista e trabalhe para poder aperfeiçoar continuamente o produto que vai trazer mais benefícios e prosperidade para sua vida profissional: você.

"Não adianta ser você mesmo e mostrar o seu interior se ele for ruim. Seja bom, e depois seja natural", diz Abrileri.

Seja social


Eventos da empresa, festas de aniversários e até "happy hours" com os colegas são ótimas oportunidades de se tornar conhecido e divulgar suas idéias corporativas.

"Essas situações informais são importantes para a pessoa trocar idéias, se mostrar, para as pessoas a conhecerem", diz.

Seja profissional


No trabalho, o funcionário é observado quase que em tempo integral. Por isso, saber diferenciar o que cabe e o que não cabe para o dia-a-dia pode ser valioso para quem quer crescer profissionalmente.

"Falar de assuntos pessoais no celular no trabalho é ruim; acessar muitos e-mails pessoais e comentar; usar e-mail do trabalho para brincar com os colegas; ir de bermuda na sexta-feira porque é 'casual day'; tudo isso é perigoso e deve ser evitado", explica Rosemary.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Doação???

Renascer pede doações para reconstrução de sede no Cambuci

Página na internet da igreja traz comunicado com a solicitação.
Desabamento do teto no domingo deixou nove mortos.

Do G1, em São Paulo (texto completo)

A Igreja Renascer em Cristo já está pedindo aos fiéis doações para a reconstrução de seu templo na Avenida Lins de Vasconcelos, no Cambuci, na Zona Sul de São Paulo. Com os dizeres "Doação para reconstrução do templo sede Renascer em Cristo", a solicitação, entre outros comunicados e avisos, está sendo veiculada por meio da página da igreja na internet. No site, constam o banco e os números da agência bancária e da conta corrente onde devem ser feitos os depósitos.

(...)

E o que dizer das doações que já são feitas pelos fiéis e os altos salários dos pastores, bispos, apóstolo... prá ficarem pedindo mais dinheiro ao povo?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Cerca Lourenço.

Briga entre pastor e candomblecista acaba na polícia

Destruição de oferenda na Zona Oeste do Rio motivou queixa.
Evengélico diz que só pediu que material fosse retirado da porta de igreja.

Alícia Uchôa
Do G1, no Rio
Às vésperas do lançamento do "Guia da luta contra intolerância religiosa", uma briga entre um pastor evangélico e um candomblecista foi parar na polícia carioca. Segundo Cosme Luis dos Santos, autor da queixa, ele teve uma oferenda destruída pelo pastor, que o teria cercado com um grupo. Segundo o líder evangélico, no entanto, ele só pediu que o material fosse retirado da porta da igreja.

De acordo com Cosme, pouco depois de realizar a oferenda de agradecimento próximo à sua casa, no bairro de Paciência, na Zona Oeste do Rio, soube por um conhecido que ela havia sido destruída. Inconformado, resolveu pegar sua câmera e registrou fotos do vaso quebrado, quando teria sido abordado por um pastor com um grupo de cerca de 20 fiéis.
“Não queriam me deixar filmar e um dos membros da igreja chegou a tentar me agredir, mas foi contido pelo grupo. Eles se diziam servos de Deus e repetiam que não havia lei no país que me permitisse aquilo, só a lei de Deus. No dia seguinte, resolvi ir até a delegacia”, conta ele, que é praticante do candomblé.
Pastor nega acusação
Segundo o pastor Romildo, da Igreja de Cristo Rio de Vida, no entanto, não houve conflito direto no episódio.

“Ele estava fazendo um trabalho na porta da igreja, a menos de 15 metros. Pedi que tirasse aquilo dali e, como ele não quis, esperei ele ir embora para retirar. Fica com cheiro muito forte na hora do culto. Não houve agressão, ninguém tem esse direito. Temos que nos respeitar e eu queria respeito”, ponderou o pastor.
“Cada religião tem sua prática e sua reverência. Agressão não é atitude religiosa, é crime. O Brasil representa todas as diferenças e devemos prezar pela democracia”, disse o babalaô Ivanir dos Santos, sacerdote da tradição iorubá e membro da Comissão de Combate à Intolerância religiosa.
De acordo com a Lei Caó, a intolerância religiosa pode ser considerada crime inafiançável e a pena pode chegar a três anos de prisão.

As moradas (adaptadas) de Deus.

Imóveis de 80% das igrejas são impróprios, diz professor

A "imensa maioria" dos templos que proliferaram em São Paulo nas últimas décadas funciona em lugares "adaptados", que não oferecem condições de segurança, segundo o professor da PUC-SP Edin Abumanssur, autor do livro As Moradas de Deus, sobre o espaço físico de Igrejas pentecostais na capital. "Entre 80% e 90% dos locais em que as Igrejas se instalaram não são adequados a abrigar o fluxo de pessoas que recebem. A maior parte das igrejas da cidade é mantida pelos próprios fiéis, geralmente em comunidades carentes, com preocupação mínima sobre a adequação do espaço físico", afirma.

Não há dados atualizados sobre o número de templos que têm alvará para funcionamento na capital - o último levantamento do Departamento de Controle do Uso de Imóveis (Contru), de 1998, apontava cerca de 4 mil templos na capital. Apenas 186 tinham alvará.

Originalmente construídas para outros fins, as instalações hoje servem de palco para cultos que reúnem entre dezenas a algumas centenas de fiéis. Segundo o pesquisador, que percorreu cerca de 70 templos de Igrejas pentecostais da capital, exemplos assim se reproduzem por toda a cidade, especialmente na periferia. Abumanssur afirma que, com a diminuição da oferta de cinemas ou teatros desativados para instalação de igrejas, caiu também o nível de segurança nos templos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dia de "muitas vitórias e milagres"... apesar do ocorrido.

Igreja usa mídia própria para falar em 'milagre'

A Igreja Renascer utilizou ontem toda a sua estrutura de comunicação - rádio, TV e portal - para se defender das acusações de negligência no desabamento de anteontem e atribuir a um "milagre" não terem ocorrido mais mortes do que as nove registradas. Uma mensagem do comando dizia que a Renascer estava "estarrecida e chocada" com o ocorrido.

Na maior parte do tempo, porém, a tragédia foi ignorada nas emissoras da entidade. "Venha estar conosco nas Igrejas Renascer em Cristo, que continuam com suas atividades normais." Na internet, pastores e seguidores da Renascer afirmaram que o acidente ocorreu porque "Deus sabe o que faz" e que "tudo estava sob controle absoluto de Deus".

"Vamos agradecer a Ele esse grande livramento: se o teto tivesse caído na hora do culto, agora poderíamos contar mais de 500 mortos. Louvemos a Deus", dizia uma mensagem no site da Igreja. Contrastando com o clima de consternação geral, um pastor disse no início da tarde de ontem, na Rádio Gospel FM (emissora da Renascer), que a segunda-feira era um dia de "muitas vitórias e milagres", apesar do ocorrido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Yahoo! Notícias.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O teto caiu...

Desabamento na Renascer deixou 113 feridos, dizem bombeiros

Corporação atualizou informação na tarde desta segunda (19).
Nove mulheres morreram após o acidente, no domingo (18).

Do G1, em São Paulo

O desabamento do teto da Igreja Renascer em Cristo, no Cambuci, Zona Sul de São Paulo, na noite deste domingo (18), deixou 113 pessoas feridas, segundo informações atualizadas pelo Corpo de Bombeiros por volta das 15h desta segunda-feira (19). Outras nove mulheres morreram no acidente, que destruiu a sede da igreja na capital paulista.

Veja a cobertura completa do desabamento do teto da Renascer

Sete das vítimas fatais morreram no local do acidente. As outras duas morreram na manhã desta segunda no Hospital das Clínicas e na Santa Casa de Misericórdia. Os feridos foram levados para 16 hospitais da cidade. A maior parte teve lesões leves e já recebeu alta.

O Corpo de Bombeiros de São Paulo informou que cerca de 600 pessoas estavam no local quando o teto desabou, pouco antes do culto das 19h de domingo. Havia muitos fiéis no interior do prédio, mas os danos poderiam ter sido maiores se aquela não fosse uma hora de intervalo entre as celebrações.

Vítimas fatais

Entre as nove vítimas, uma mulher não teve sua identidade divulgada – ela só foi reconhecida no início da tarde, e sua família ainda não foi avisada. Duas das vítimas são mãe e filha. Segundo a assessoria da Secretaria da Segurança Pública, Maria Amélia de Almeida, de 60 anos, e Acir Alves de Silva, de 79 anos, serão enterradas às 17h desta segunda-feira (19) no Cemitério Bela Vista, em Osasco, na Grande São Paulo.

Por volta das 10h30, seis dos sete corpos que estavam no Instituto Médico-Legal (IML) Central de São Paulo já tinham sido levados do local. Além da mãe e da filha, os outros cinco mortos também serão enterrados nesta segunda nos cemitérios da Saudade, em São Miguel Paulista, Chora Menino, em Santana, e no Araçá.

No final da manhã, ainda segundo a assessoria da secretaria, os corpos das duas outras vítimas fatais do desabamento – Luiza Silva, de 62 anos e Maria de Lurdes, de 78 anos – ainda não tinham sido liberados pelos hospitais Santa Casa de Misericórdia e Hospital das Clínicas, respectivamente, e encaminhados para o IML.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

“A teologia da prosperidade é demoníaca” Ronaldo Didini em entrevista


Por Renato Cavallera, em 15 janeiro 2009.

Depois de reaparecer na televisão, agora ligado à Igreja Mundial do Poder de Deus, Ronaldo Didini repudia parte do que acreditou no passado.

Nos últimos meses, a notícia de que uma igreja assumiria o controle de mais um canal da TV brasileira causou burburinho. Trata-se da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), comandada pelo seu apóstolo Valdemiro Santiago, egresso da Igreja Universal do Reino de Deus. A denominação assumiu o controle da Rede 21. Um dos grupos neopentecostais com crescimento mais rápido no país, a IMPD iniciou as transmissões disposta a se expandir ainda mais. O slogan da nova emissora – “Vem pra cá, Brasil” – já sugere o caráter do empreendimento. O carro-chefe da programação são os cultos, cheios de imagens de exorcismo e curas, promovidos por Valdemiro. Na telinha, ele chama as pessoas à plataforma, abraça-as e chora com elas, num ambiente que mistura comoção e alguma histeria. O investimento da IMPD em mídia é mantido em sigilo absoluto, mas comenta-se no mercado que chegaria a 4 milhões de reais mensais.

Tamanho investimento vale a pena? Para o pastor Ronaldo Didini, sim. Quando a Igreja Universal comprou a Record, há quase 20 anos, foi ele, na época pastor da denominação de Edir Macedo, quem esteve à frente das negociações. Naquela emissora, comandou o 25ª hora, programa que marcou época na radiodifusão evangélica. Dali, ligou-se à Igreja Internacional da Graça de Deus, comandada pelo missionário R. R. Soares, onde colaborou na implantação da Nossa TV e da Rede Internacional de Televisão (RIT). Agora, depois de servir de interlocutor e sacramentar o negócio entre o Grupo Bandeirantes e a Mundial, ele é o gestor da Rede 21. Inteligente e bem articulado, Didini apresenta o programa Hora Brasil, exibido diariamente entre meia-noite e 1h30. “É uma continuação do que fazia no 25ª Hora”, define.

Aos 51 anos, casado e pai de duas filhas, Didini considera a televisão um poderoso instrumento para a evangelização. Sua trajetória chama a atenção não apenas por sua especialidade em TV evangélica, mas também por sua migração denominacional. Tendo peregrinado por igrejas como Universal, Graça e agora a Mundial do Poder de Deus – fora o período em que esteve em Portugal, onde montou a dirigiu a Igreja do Caminho –, ele conhece como poucos o mundo do neopentecostalismo. “Não nego meu passado, mas amadureci”, diz o religioso. Hoje, Didini é um detrator da teologia da prosperidade, que, segundo ele, é um câncer que está consumindo a Igreja brasileira. “E muitos pastores a defendem abertamente em rede nacional. É o que existe de pior na televisão do país”, critica. O religioso recebeu a equipe de reportagem da revista cristianismo hoje em sua nova casa no bairro do Morumbi, em São Paulo:

O senhor tornou-se uma referência para a mídia evangélica por ter comandado o 25ª Hora, exibido pela Rede Record nos anos 1990. Como foi aquela experiência?
RONALDO DIDINI – Foi uma experiência riquíssima, tanto do ponto de vista religioso como sociológico. Aquela foi a primeira vez que pastores evangélicos discutiram abertamente com a sociedade todos os problemas do nosso tempo. Quebramos barreiras, pois deixamos claro que o evangélico é um cidadão como qualquer outro. Ali, falávamos abertamente sobre qualquer assunto, como sexo e política, coisas então consideradas tabu em nosso meio, sem perder o compromisso com os valores da Palavra.

Como o senhor avalia a programação evangélica feita hoje no Brasil?
O que existe de melhor, a meu ver, é a combinação que a Igreja Mundial do Poder de Deus faz entre proclamação da Palavra e demonstração do poder de Deus. Também gosto de alguns programas que estudam a Bíblia nas madrugadas. Um exemplo são os programas de Silas Malafaia naquele horário, onde ele recebe pastores e gente interessante. Os peixes mais graúdos são os que estão ligados na madrugada. Quando alguém prega com mansidão e de maneira equilibrada nesse horário, em que a pessoa liga a TV porque precisa ouvir a Palavra, não há quem não se quebrante.

Com a entrada maciça dos evangélicos na televisão, não há uma “guerra santa” pela audiência?
Não creio. Por mais que o homem fale, quem está no controle da Igreja é o Espírito Santo. Mas podemos fazer uma leitura diferente do que acontece no Brasil. Em 1985, acabou o regime militar. As pessoas esperavam por algo novo, desejavam mudanças, inclusive na esfera espiritual, já que a presença católica era hegemônica. A abertura também trouxe esse novo momento, em que as igrejas passaram a ter liberdade para usar os meios de comunicação. Houve imaturidade, inconsistência? Sim. A sociedade e a Igreja não souberam medir isso. Por outro lado, a liberdade foi também exacerbada. Há dez anos, as crianças estavam dançando na boquinha da garrafa por causa da TV. Hoje, amadurecemos e não se vê mais isso. Acho que o mesmo aconteceu com a Igreja Evangélica em seu crescimento; agora, é preciso colocar os pés no chão.

Comenta-se à boca miúda que R.R.Soares paga R$ 5 milhões mensais à Bandeirantes e que Malafaia desembolsa outro tanto. Há informações de que sua igreja teria um investimento em TV estimado em 4 milhões por mês. Essas cifras são reais?
Não acredito que sejam reais, até porque, nesse caso, o mercado seria super-inflacionado e não haveria condições de se pagar tanto. O próprio mercado publicitário não teria condições de concorrer com esses valores. Vivo no meio e posso dizer que falam de números muito mais altos que os reais.

O Hora Brasil tem a mesma proposta do 25ª Hora?
O Hora Brasil funciona como se fosse um termômetro. Obviamente, do 25ª Hora para cá, a sociedade evoluiu muito. Hoje, cerca de 30% da população é evangélica. Eu chamo a sociedade para dialogar sobre assuntos religiosos, médicos, problemas sociais. Estou fazendo jornalismo e já pude observar algo interessante: uma preocupação generalizada com a preservação da família. Pessoas com as mais diferentes linhas de pensamento estão preocupados com o destino das famílias, com seus valores – ao contrário do que a mídia em geral incentiva, que é a falta de compromisso, a infidelidade conjugal, o individualismo e a libertinagem, que tanto marcam nosso tempo. Mas o Brasil não é uma Sodoma ou Gomorra. Isso é resultado do esforço feito ao longo dos anos por homens e mulheres de Deus para pregar o Evangelho, e que levou ao boom dos crentes na mídia. Os especialistas criticam esse avanço, mas ele é uma âncora de valores há muito esquecidos e desprestigiados. Infelizmente, esse avanço tem dois lados: o positivo, do qual já falei, e o negativo, que são os escândalos. Mas Jesus já disse que escândalos viriam. Temos que nos preocupar com os “ais” que os sucederão, para que não sejamos seus causadores. É preciso haver limites.

Quais são esses limites?
Fiquei assustado com o que fez o pastor Marcos Feliciano em seu programa. Ao mesmo tempo em que pregava o Evangelho, ele anunciava terrenos para as pessoas comprarem em prestações, dizendo que Deus abençoaria aquela compra. Isso ultrapassa o limite. Ao mesmo tempo em que se anuncia a salvação, vincula-se isso à venda de produtos para receber a bênção de Deus. Lógico que aquele comercial está sendo pago. Feliciano ultrapassou a barreira ética. Para mim, isso é o que existe de mais vulgar na teologia da prosperidade. A igreja precisa de fundos? Sim. Mas de onde vêm? Dos dízimos e ofertas. Apenas eles têm fundamento bíblico. Sem esse pastor perceber, creio que o próprio Deus o fez tropeçar para expor a nudez desses cruéis ensinos. A teologia da prosperidade é um câncer no segmento evangélico.

Por que o senhor critica tanto a teologia da prosperidade?
Porque ela é demoníaca. Penso que os líderes evangélicos deveriam se unir e dar um basta nesses ensinos. A teologia da prosperidade bateu no fundo do poço e já deveria haver uma conscientização de muitos líderes acerca disso. Todos que optam por esse caminho ficam satisfeitos apenas em ir bem financeiramente, não ter sofrimento de nenhum tipo. Querem ficar independentes, achando que não precisam de mais nada. Os pregadores da prosperidade não têm contato com o povo e não enxergam isso, porque são pobres, cegos, miseráveis e estão nus. O homem não tem que ditar regras a Deus e dizer a ele como e a que horas fazer o milagre. Minha crítica a essa teologia é que ela proclama aquilo que é terreno e não o que é sagrado, sobrenatural. Com o tempo, tal mensagem se desgasta e o resultado está aí. Eu fui missionário em nações muito pobres da África. Por que a teologia da prosperidade não funciona lá? Para responder essa questão, o teólogo da prosperidade não está preparado. Se não funciona lá, ela é antibíblica. Jesus falou que é mais fácil um camelo passar pelo fundo da agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus. Ora, se a teologia da prosperidade fosse bíblica, todos seriam ricos e quase ninguém acabaria salvo. Pregar e acreditar na teologia da prosperidade é como construir um castelo na areia ou fazer um gigante com pés de barro – mais cedo ou mais tarde, tudo cairá.

Mas durante muito tempo o senhor militou em igrejas propagadoras da teologia da prosperidade… Quem mudou, suas ex-igrejas ou o senhor?
Não mudei o meu pensamento. Foi a obra do Espírito Santo que me amadureceu. Sou muito grato por tudo que recebi na Igreja Universal e na Igreja da Graça. Não tenho nada contra essas instituições e nem contra seus líderes. Minha diferença é doutrinária. Uma coisa é enxergar, e outra é mudar, se for preciso, sair do sistema, quando ele se torna mais poderoso do que a Bíblia. O catolicismo está cheio de exemplos assim. Todos os padres sabem que não é uma bula papal que pode dizer que o líder é infalível ou que Maria subiu ao céu com seu corpo. Mas o sistema Católico Apostólico Romano requer que essa doutrina seja aceita, e muitos a defendem em nome desse sistema.

O senhor não teme ser considerado ingrato por seus ex-líderes?
Como eu disse, nada tenho contra Macedo ou Soares. Tanto, que quando eu saí da Universal, foi como que se perdesse meu chão. A Iurd para mim era mais importante que qualquer outra coisa na vida; eu amava aquele ministério, dava minha vida por ele. Depois, conheci a Igreja da Graça. O missionário Soares me ajudou muito naquela época, pastoreando minha vida por dois anos. Foi um verdadeiro pai, preocupando-se com minha alma, porque eu não estava bem espiritualmente. A teologia da prosperidade me fez um mal tremendo. Continuei caindo e bati no fundo do poço quando abri a igreja lá em Portugal [a Igreja do Caminho, inaugurada por Didini em Lisboa em 2003]. Estava sozinho com minha mulher e duas malas de roupas começando uma igreja na periferia. Então, aprendi que ou dependia de Deus ou o meu ministério ia acabar. Deus me ensinou muito naqueles cinco anos, até me colocar ao lado do apóstolo Valdemiro.

O bispo Renato Suhett, que saiu atirando na Universal e até abriu uma igreja onde criticava abertamente o que chamava de “sistema religioso” montado por Edir Macedo, acaba de voltar à Iurd. O senhor já foi chamado para retornar á Universal?
Nunca fui chamado para retornar à Igreja Universal, até porque já disse publicamente que não tenho interesse em regressar. Aqui, na Mundial, é como que se eu tivesse voltado para a Iurd em que comecei nos anos 80, uma igreja viva. Creio que, se o Suhett voltou, sabe o que está fazendo. Mas eu estou em casa agora.

Rupturas no seio neopentecostal são comuns. Macedo e Soares começaram juntos na Cruzada do Caminho Eterno, saíram e fundaram a Universal, de onde o último desligou-se para fundar a Igreja da Graça. Valdemiro também é oriundo da Universal; o próprio Macedo começou na Nova Vida, de onde também saiu Miguel Ângelo, que dali fundou a Cristo Vive. As justificativas para a dança de cadeiras são sempre semelhantes, como a de divergências teológicas ou mudanças de visão – contudo, as novas igrejas que surgem acabam trazendo muito das denominações de origem, inclusive os aspectos que criticavam. O que acarreta tantas rupturas?
Uma árvore pode ter muitos ramos, muitos galhos. O importante é observar o que Jesus fala em João 15, e estar alicerçado nos ensinos de Cristo e na prática da verdade. Quando a igreja nasce pela vontade humana, para ser uma maneira de levar a vida, é complicado. Paulo também defende sua autoridade apostólica em Cristo. Por isso, não interessa quem pregou, se foi Paulo, Pedro ou Apolo – o importante é estar firmado em Jesus. No fim das contas, vejo que muitas ramificações poderiam ser evitadas se houvesse menos vaidade humana e mais compromisso com a videira verdadeira que é Jesus.

Então, as divisões acontecem porque cada um quer ter seu próprio espaço?
Nem sempre. O que o dedo faz, os olhos não podem fazer. Não importa a função de cada um; importa que Cristo seja o cabeça do corpo. A Igreja Mundial, por exemplo, tem uma função que as outras igrejas mais tradicionais ou adeptas de ensinos não ortodoxos não podem cumprir. Mas no momento em que algum órgão do corpo adoece, todo o organismo passa a sofrer. A Igreja de Cristo hoje precisa se voltar para a mensagem original e entender o recado: o agricultor é o Pai e a videira aqui é Jesus. Então, vamos parar de vaidade! Eu, por exemplo, quando assumi a Igreja Internacional da Graça de Deus em Portugal, tornei-me vice-presidente vitalício da denominação. Poderia hoje reivindicar isso, já que nunca renunciei. Mas jamais chegaria lá e tentaria tomar a igreja. O verdadeiro pastor é Jesus. Acredito que se existir essa consciência, haverá menos ramificações.

Pode explicar como foi sua adesão à Igreja Mundial?
Sou amicíssimo do apóstolo Valdemiro. Talvez seja uma das pessoas mais chegadas a ele, fora sua família. Mas não vim para cá só pela amizade. Nunca daria certo. Primeiro, reconheci que a Mundial era um movimento de fé muito forte, e depois comecei a observá-la. Fiz quatro viagens para o Brasil e observei claramente o reavivamento bíblico no século 21. Depois veio a fase mais difícil, a de submeter-me à autoridade espiritual dele, sendo seu amigo. Então, peguei a chave da minha igreja e dei na mão dele, dizendo: “Seu trabalho é maior que o meu. Você é mais importante que eu em Portugal”. E vim para ajudá-lo com os dons que Deus me deu. Acredito que estou em uma fase na qual Deus não quer me ensinar mais. É hora de dar frutos, pois ele já investiu muito em mim.

O senhor tem salário na igreja?
Não. Tenho funções executivas na Igreja Mundial, mas não sou funcionário, não recebo qualquer benefício financeiro.

Então, de onde vem seu sustento?
Sou contratado como jornalista pela Rede Bandeirantes. Pela misericórdia de Deus, eu moro numa boa casa, tenho um bom carro, visto boas roupas; mas nada disso me pertence, tudo é dado pelo Senhor. Por isso, posso exercer com liberdade minha vocação. Aliás, esse foi o motivo por que saí da Graça. Comecei a me sentir um funcionário da igreja, sem aquele algo mais, sem um desafio. Eu tinha o mais alto salário, carro à disposição, liberdade para pregar em qualquer lugar; todos os pastores da Graça me tratavam muito bem, eu era sempre recebido com festa. Mas não me sentia bem como executivo, com tarefas meramente burocráticas dentro de uma organização. Resolvi sair. Hoje, aprendi a lição.

Quando estava em Portugal, o senhor se queixava de que os evangélicos brasileiros enfrentavam muitas restrições lá. Essa situação ainda persiste?
Persiste e piora. Digo isso por causa dessa lei xenófoba da imigração. Quase não são liberados vistos para brasileiros. O segundo problema gravíssimo que presenciei lá, quando participei de um congresso da Assembléia de Deus portuguesa, é que não há comunhão entre a Assembléia de Deus brasileira e a de lá. O pastor Joel, filho do José Wellington [presidente da Convenção Geral das Assembléias de Deus do Brasil], esteve presente também. As lideranças portuguesas não aceitam os pastores brasileiros que são enviados para lá. Como o Brasil se tornou um exportador de missionários, maior é a rejeição. No mundo inteiro, especialmente na Europa, igrejas com lideranças brasileiras atraem apenas público brasileiro. As únicas exceções são trabalhos com negros, que são imigrantes também, vindos de lugares como Cabo Verde, Quênia, Jamaica, Nigéria.

Fonte: Cristianismo Hoje
Correções: Gospel+

Mais uma das frangas.

Companheiro entrega novo apelido de Ronaldo: 'franga fenômena'

Thales Calipo, em 16/01/2009
Em Itu (SP)

Na última terça-feira, Ronaldo afirmou que ainda não tinha nenhum apelido no Corinthians e que, se tivesse, ainda não sabia. Nesta sexta-feira, no entanto, o atacante Otacílio Neto acabou com o mistério e revelou como o camisa 9 é chamado pelos companheiros durante as brincadeiras do grupo: "franga fenômena".

Apesar de inusitado, a brincadeira com Ronaldo foi explicada pelo próprio autor do apelido, Otacílio Neto.

"Durante as brincadeiras, a gente fica gritando e colocando apelidos. O Lulinha é a 'franga baixa', eu sou a 'índia', o Dentinho é a 'franga bicuda' e o Ronaldo é a 'franga fenômena'. Ele agora é mais uma das frangas", revelou o atacante alvinegro.

Desde que chegou ao Corinthians, Ronaldo tem recebido elogios diários de seus novos companheiros, que destacam a simplicidade do jogador e a abertura para conversas com o até então ídolo da maioria dos atletas alvinegros.

O lateral-direito Alessandro confirmou ao longo desta semana que o grupo do Corinthians já havia "quebrado o gelo" com Ronaldo, mostrando que o atleta já está bem entrosado com os demais, pelo menos fora de campo, já que o atacante não participou de nenhum jogo-treino neste início de temporada.

Da mesma forma, Ronaldo está fora do amistoso que o Corinthians realiza neste sábado, contra o Estudiantes, da Argentina, às 16h20, no Pacaembu. "Ele está muito consciente dessa limitação momentânea. A cada dia avançamos um pouco, e a cada semana vamos ter um ganho, como tivemos nas duas primeiras. Tenho certeza que logo ali na frente ele vai estar jogando", explicou o técnico Mano Menezes.

Fonte: UOL Esporte.

Hummm! O Vampeta (franga velha) chamou os são-paulinos de bambi, mas nenhum atleta do São Paulo chama o outro assim (apesar do Ricky...). Os são-paulinos chamam os CÚrintianos de galinhas e os caras se apelidam de frangas?!? Muto suspeito...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Meu mundo e nada mais


Por Danilo Meiras, em 14/01/2009.

Realmente eu não sei em que mundo vivo. Onde passo todos os minutos de meus dias eu sei muito bem a localização, seja do modo objetivo ou fantasioso. Minha alucinação é suportar o dia a dia e meu delírio é a experiência com coisas reais.

Ainda estou muito assustado com a notícia que li ontem à noite, por isso esses meus devaneios. Mas quando sei que uma quantia assustadora de dinheiro serviria para amenizar muitas dores e estaria sendo usada para a compra de um jogador de futebol - mesmo que seja o melhor do mundo, posso afirmar que existem vários mundos paralelos ao meu, que de tão perto (devido à minha afeição pelos esportes em geral) a distância separadora é tão longe, talvez infinita.

Até onde sei, o futebol é um esporte que mexe com as emoções ao extremo dos torcedores. Alguns jogadores salvam suas vidas e as de seus familiares graças ao talento e suor derramado em campo, faturando assim um dinheirinho bom para se curtir. É também uma forma de tirar meninos fadados ao mundo do tráfico e recolocá-los ao sabor do sol. O esporte cura, e essa asseveração é peremptória para que eu seja um apaixonado pelo mundo da bola.

Sei também que o futebol romântico e avassalador de outrora não existe mais. Hoje quem paga mais, leva o jogador embora. Dessa forma, quase não existem mais aqueles jogadores identificados com o clube. Um cara começa hoje no Guarani, temporada que vem vai pro Paraná, na outra fecha com o Palmeiras, assina um contrato com o Vasco, dá uma passada no Corinthians, joga umas partidas pelo Grêmio, faz uns gols pelo Botafogo, passeia pelo São Paulo, acerta com o Santos, bate uma bola no Flamengo e termina no São Caetano, além de sentir um friozinho na Europa e Japão. Agora, se eu disser que este cara existe, vocês acreditariam? E, ainda, se eu disser que além de existir este jogador foi campeão do mundo com a Seleção Brasileira em 2002, vocês continuariam acreditando? Pois este é o currículo (de clubes) do centroavante Luizão.

Jogadores como Zico para os flamenguistas, Tostão para os cruzeirenses, Reinaldo para os atleticanos de Minas, Roberto Dinamite para os vascaínos, Nilton Santos para os botafoguenses, Vladimir para os corintianos, Falcão para os colorados e Pelé para os santistas (e brasileiros!) estão cada vez mais escassos no futebol brasileiro. Honras atuais para Marcos e Rogério Ceni, símbolos da fidelidade para palmeirenses e sãopaulinos, respectivamente.

Voltando ao jogador-produto, a iminente venda de Kaká do Milan para o Manchester City por cento e cinco milhões de euros, ou seja, trezentos e dezenove milhões e seiscentos mil reais transcende a qualquer tipo de esportividade. Parece-me uma luta a qualquer preço por uma estampa a mais numa camisa de um clube, visando obter o dinheiro gasto a um curto período possível sem se importar para quem realmente gosta de futebol, do esporte, das honrarias olímpicas.

Claro que cada um gasta com o que quiser, mas esta dinheirama toda não derrama em meu mundo. Sou como aquele cidadão comum que ouve os jogos de meu time no rádio de pilha, acompanha o noticiário esportivo diário e sente uma invejazinha apenas quando alguém noticia: Kaká ganhará quinze milhões de euros livres por ano. O que a maioria absoluta de quem é aficionado pelo futebol não ganhará nunca na vida inteira, talvez, nem se juntando todos de uma vez só. Depois não reclamem que o mundo anda cheio de revolta.

Prisão do bispo Edir Macedo foi expedida

A Justiça Federal aceitou denúncia do Ministério Público e abriu processo criminal contra o dono da TV Record, o bispo Edir Macedo, e outros seis diretores da emissora. Eles são acusados de importação fraudulenta de equipamentos, uso de documento público falso, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.

Grampo telefônico autorizado pela justiça foi decisiva para expedição da prisão de Edir Macedo e outros diretores da emissora, diz promotor.

Fonte: O Globo.

O ateísmo e nós

Karl Heinz Kienitz

Por ateísmo entende-se tipicamente a negação explícita ou tácita da existência de Deus; o reconhecimento de algo absoluto, mas com a negação de certos atributos de Deus; ou a afirmação de que é impossível conhecer algo sobre Deus ou sua existência. O ateísmo é um fenômeno religioso e cultural complexo com relevantes aspectos filosóficos, religiosos, psicológicos e sociológicos. Em todas as suas formas o ateísmo é uma atitude secundária no pensamento sobre Deus, pois sua negação pressupõe algum conhecimento do que está sendo negado.

A história mostra que cultura nunca existiu sem religião. A presença desta em todas as culturas é um testemunho da capacidade humana de reconhecer algo acima de si, de forma espontânea e natural. Paulo refere-se a esta capacidade em Romanos 1.20: “Desde que Deus criou o mundo, as suas qualidades invisíveis, isto é, o seu poder eterno e a sua natureza divina, têm sido vistas claramente”. O entendimento da divindade assim percebida toma formas variadas nas diversas religiões ou culturas.

O ateísmo moderno e contemporâneo surgiu dentro da cultura cristã, mas não como um desenvolvimento espontâneo. Teve uma série de causas, dentre as quais uma reação crítica contra a fé cristã. Assim, ao menos uma parte dos cristãos foi co-responsável pelo seu surgimento. Quando negligenciamos nosso crescimento espiritual, ensinamos doutrinas erradas ou com fraco embasamento bíblico, somos deficientes na nossa vida religiosa, moral e social, acabamos escondendo a verdadeira face de Deus. Sempre nos lembremos de que somos “carta escrita pelo próprio Cristo” sendo lida por todos.

Sistemas que pressupõem o ateísmo absoluto mostraram que os valores colapsam com a negação de Deus, enquanto relativismo, e, finalmente niilismo tomam seu lugar. O mito do homem capaz de tornar-se um deus não se verificou no marxismo prático nem no “super-homem” de certas nações. Os diversos absolutos que o homem imaginou -- o próprio homem, a humanidade, a natureza, a ciência, a história -- não são suficientes e no final levam à “morte do homem” como conseqüência da “morte de Deus”. Como conseqüência deste aspecto o ateísmo contribuiu significativamente para o sofrimento humano em várias partes do mundo. Pode-se citar como exemplos a Cortina de Ferro, China, Camboja, Laos, Albânia e diversos países africanos. Assim, uma lição valiosa é que toda noção incorreta sobre absolutos precisa tornar-se uma motivação para desenvolver uma exposição mais clara e divulgação mais eficiente das verdades sobre Deus.

A experiência do ateísmo nos desafia ainda a nos desfazermos dos falsos deuses e da deificação do homem e a buscarmos um entendimento mais profundo da verdade sobre o homem que encontrará verdadeira dignidade e liberdade em Deus e no seu amor criativo e sacrifical.

Finalmente, o homem não é Deus, mas foi criado por Ele à sua imagem e semelhança. Por isto o homem pode desenvolver sua semelhança com Deus por participação. Ele pode tornar-se o co-criador da sua realidade e da história da humanidade, numa forma que sirva ao seu pleno desenvolvimento, sua salvação e felicidade, conforme a vontade de Deus.

• Karl Heinz Kienitz é doutor em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica Federal de Zurique, Suíça, em 1990, e professor da Divisão de Engenharia Eletrônica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica. (www.freewebs.com/kienitz)

Fonte: Ultimato.

Deus não é seu empregado


Uma interpretação biblicamente correta dos textos distorcidos pela “teologia” da Prosperidade.

Por: Renato N. Fontes (renfontes@gmail.com), Belo Horizonte, Brasil Junho/2008.

Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres, para serem ricos em fé e herdeiros do reino que Ele prometeu aos que O amam? Tiago 2:5

Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, ali estará também o teu coração. Mateus 6:19-21
Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então é que sou forte. II Coríntios 12:10

Introdução

Este artigo é uma tentativa singela de colocar à disposição das pessoas uma boa e sólida interpretação de várias passagens bíblicas que têm sido, com muita freqüência, deturpadas por pessoas adeptas de uma doutrina que ficou conhecida como “teologia da prosperidade”, “evangelho da prosperidade” ou ainda “teologia da confissão positiva”. Os proponentes dessa doutrina, vários por falta de conhecimento e vários, infelizmente, por má fé e desonestidade, usam vários textos curtos das Escrituras, tirados do seu contexto, e torcem seu significado para fazer com que a mensagem transmitida seja exatamente o oposto do que a Bíblia ensina. Desta forma, essas passagens foram quase todas reunidas aqui e colocadas dentro do seu contexto imediato e também do contexto amplo da revelação bíblica, buscando-se assim seu verdadeiro sentido, aquele que é coerente com a mensagem do Deus que se fez pobre, não para que todos os cristãos usufruíssem de bênçãos materiais, mas para seguirmos os Seus passos e também abrirmos mão do que é nosso por amor aos outros.

A mensagem bíblica, de capa a capa, é de doação, de entrega, de amor, aquele amor que, conforme I Co 13, não busca os seus próprios interesses e tem sua maior expressão no ato dar a vida pelos outros. É verdade que Jesus se importa não só com nosso espírito mas também com todo o ser humano, integralmente. Por outro lado, nossa atitude frente a isso faz toda a diferença: baseado nessa verdade, vamos buscar benefícios para nós, como fazem os proponentes da teologia da prosperidade, ou será que isso nos fará ajudar o nosso próximo em primeiro lugar, como Jesus declara em Mt 25, quando diz, “tive fome, e me destes de comer, tive sede e me destes de beber”?

Meu desejo é que este texto abra os olhos de muitos, como um dia os meus também foram abertos! Se você, leitor, congrega em uma igreja onde se ensina essa doutrina, aconselho fortemente que tome uma atitude e pare de dar seus dízimos e contribuições para líderes que acreditam que têm o direito de “prosperar” às suas custas. Um fato muito curioso e fácil de notar é que quase todos os líderes que pregam essa doutrina de fato ficam ricos, porém suas ovelhas quase sempre continuam com o mesmo padrão de vida e nunca “prosperam” materialmente. Quando, entretanto, alguém acena com a possibilidade de parar de contribuir com a riqueza desses líderes, eles usam de intimidação e ameaçam até mesmo com a perda de salvação. É hora de dar um basta, isso é escravidão – o conhecimento da verdade liberta (Jo 8:32). Se algo não liberta, é porque não é verdade!

As citações bíblicas são da Edição Revista e Atualizada no Brasil, da SBB.

Marcos 11:24

Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco.

Esse versículo deve ser lido em equilíbrio com outro, que é I Jo 5:14: “... esta é a confiança que temos para com ele, que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.” João diz que Deus realmente nos dá o que pedimos, contanto que seja a Sua vontade. Deus não é nem o Papai Noel nem muito menos o Gênio da Lâmpada (que chamava Aladim de “amo e senhor”) – não, Ele é o Senhor, e é Sua vontade soberana que determina o que Ele nos dará ou não. A questão é que os defensores da teologia da prosperidade e da confissão positiva dizem que sempre é vontade de Deus curar e dar riqueza, e citam como prova os demais versículos que serão discutidos abaixo. O fato, contudo, é que a vontade de Deus é insondável, oculta em sua maior parte aos seres humanos. Ninguém, exceto por muita presunção, pode dizer que conhece a vontade de Deus em todos os casos. Seus caminhos não são os nossos e Seus pensamentos também não são os nossos (Is 55:8). Seus juízos e Seus caminhos são inescrutáveis e insondáveis, como bem nos lembra Paulo em Romanos 11!

Isaías 53:4, citado em Mateus 8:17 e I Pedro 2:24

... curou todos os que estavam doentes; para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças.

... carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.
Os “teólogos” da prosperidade e da confissão positiva dizem que a passagem de Isaías, citada de novo em Mateus e I Pedro, provaria que Deus deve sempre curar, já que Cristo já levou nossas dores e enfermidades.

Tentemos, então, levar esse pensamento às suas conseqüências lógicas. Se Cristo levou todas as nossas dores (o que é fato), e se as implicações plenas disso valessem para nós na presente era (o que questiono aqui), não deveríamos sequer morrer, já que Ele também levou sobre Si a dor da morte.

Também jamais deveria haver perseguição aos cristãos por causa do Evangelho, já que Jesus também levou essa dor sobre Si. Mas, pelo contrário, a realidade da morte é reconhecida em toda a Bíblia como o curso normal da humanidade, maculada como é pelo pecado. Não somente isso, todo tipo de enfermidade deveria ser curada – no entanto, nunca ouvimos relatos de curas de amputados, por exemplo (ainda que ouvíssemos, afinal Deus também é poderoso para curar esse tipo de mal, isso não provaria nada). Assim, essa interpretação de Isaías 53 dada pelos teólogos da prosperidade não se harmoniza com a realidade dos fatos, nem a nossa nem muito menos a dos escritores bíblicos.

Como se deve entender, então, o versículo de Isaías? Basta colocá-lo dentro do contexto de toda a Bíblia, que diz que o homem foi expulso do Éden, e a Árvore da Vida ficou do “outro lado da porta” (até que ponto é uma árvore literal ou simbólica não faz a menor diferença neste caso). Acontece que apenas em Apocalipse, na Nova Jerusalém, é que o homem terá novamente acesso àquela árvore que é “para a cura de todas as nações”. Até então, Deus disse que a terra produziria “cardos e abrolhos”. É num mundo assim que vivemos, e não há distinção entre crentes e incrédulos, afinal Deus manda a chuva sobre justos e injustos (Mt 5:45). Na verdade, até o Novo Testamento menciona doenças que não foram curadas milagrosamente, como o caso de Timóteo (I Tm 5:23), que recebeu do apóstolo Paulo o conselho de tomar vinho por causa das suas “freqüentes enfermidades” no estômago.

Mas, se Is 53:4 só se aplicará plenamente na Nova Jerusalém, por que esse versículo é citado em Mateus, sendo cumprido aqui na terra? O que acontece, neste caso, é que os seres humanos tiveram um "aperitivo" dos efeitos de Isaías 53 quando Jesus esteve fisicamente aqui. É bíblico dizer que o Reino de Deus já chegou (Mt 3:2), porém ainda não na sua plenitude (tanto é que, como já foi dito, nós ainda morremos, ainda pecamos, ainda sentimos dores etc.).

Contudo, quando o Rei esteve fisicamente aqui, pudemos provar um pouco dessa plenitude. Aliás, analisando bem, Jesus ressuscitou apenas umas duas ou três pessoas: quantos mortos havia nos cemitérios judeus na época?

Quantos enfermos havia no tanque de Betesda, onde Jesus provavelmente só curou um? Mateus cita Isaías 53 porque o que possibilitou que as curas de alguns se tornassem reais é que Jesus já pagou pelo nosso pecado. Se Ele não tivesse levado sobre si nossas dores, nenhuma cura teria sido realizada quando Jesus veio. Mas Ele não curou 100% dos enfermos, tampouco ressuscitou 100% dos mortos. Isso só vai acontecer na segunda vinda, quando o Reino de Deus vier na sua plenitude.

E quanto a I Pedro? Coloquemos a citação em I Pedro dentro do contexto, e veremos que o apóstolo falava da cura do pecado (ou seja, saúde espiritual) e não de saúde física.

João 14:12

Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.

O versículo acima tem sido citado para dizer que nós podemos e devemos fazer a mesma quantidade e os mesmos milagres que Jesus fez, portanto indo contra a tese de que a presença física de Jesus na terra foi um pré-cumprimento dos benefícios plenos de Is 53:4. Se nós faremos as mesmas obras de Jesus, dizem eles, nada mudou desde que Jesus subiu aos céus.

Cabe aqui um esclarecimento. Depois que Jesus ressuscitou e subiu aos céus, realmente continuaram acontecendo milagres, e creio eu que aconteçam até hoje. Porém, estes não acontecem na mesma intensidade e freqüência que no tempo em que Jesus esteve fisicamente aqui. Não é todo dia que vemos alguém caminhando sobre as águas, uma tempestade sendo acalmada com uma palavra, mortos ressuscitando, cegos vendo e outros sinais dessa grandeza. Quando Jesus subiu aos céus, essas coisas se tornaram bem menos freqüentes e, ouso dizer, depois que morreram os apóstolos, ficaram ainda bem mais raras. Mas Deus não é o mesmo ontem, hoje e sempre? Sim, Ele é, mas isso não o obriga a agir sempre da mesma forma, e a evidência maior disso é que temos várias alianças diferentes na Bíblia, feitas entre Ele e os homens.

Entendamos, portanto, o que representam os milagres na história do cristianismo. Em II Co 12:12, Paulo deixa claro que os “sinais, prodígios e poderes miraculosos” eram suas “credenciais” como apóstolo. Em outras palavras, essas coisas distinguiam os cristãos comuns dos apóstolos, que eram aqueles que haviam recebido sua missão diretamente do Senhor e sobre o fundamento dos quais a igreja estava edificada. Por outro lado, em I Co 12:28, Paulo também fala de dons de milagres e dons de curas, dados a pessoas que não eram apóstolos. Ainda assim, os dois versos seguintes deixam claro que, assim como não são todos apóstolos, também não são todos que possuem esses dons. Tais dons existem e são para a edificação da igreja, mas não dados a todos os cristãos e nem têm a finalidade de fazer nossas vontades. Vale lembrar que eles são distribuídos conforme a soberania de Deus, que cura e realiza milagres quando quer. Nem mesmo Jesus curou todos os enfermos do seu tempo. Mas alguém pode dizer: “Jesus não curou todos aqueles que o buscaram corretamente?” Com certeza, só que o ato de buscar a Jesus é algo que primeiramente o próprio Deus coloca no coração do homem, em Sua soberania.

Voltando então a João 14:12, o que significa “farão obras ainda maiores que as que faço”? Primeiro, Jesus não se refere necessariamente aos milagres, uma vez que não usou qualquer uma das três palavras gregas comumente usadas para designá-los no Novo Testamento (traduzidas quase sempre como “sinais, prodígios e maravilhas”, como em II Co 12:12). Segundo, a interpretação mais sólida dessa frase é aquela que leva em conta que as “obras” de Jesus tinham e têm por finalidade fazer a vontade do Pai e proclamar o Reino de Deus. Aí fica fácil entender: Jesus levou a mensagem do Evangelho ao povo de Israel, e a igreja já levou a mesma mensagem até os confins da terra!

João 10:10b

...eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.

Os teólogos da prosperidade dizem que “vida em abundância” que Jesus veio para que tenhamos é uma vida de riqueza material e saúde. Será? O que pensariam disso os mártires, que, ao contrário da riqueza, ganharam como “prêmio” pela sua fidelidade o sacrifício da própria vida pelo Evangelho? O que pensaria disso aquele missionário que abandonou tudo para viver entre uma tribo selvagem da África, pegou malária e nunca ficou rico, mas por outro lado pregou o Evangelho para aqueles que nunca tinham ouvido falar em Jesus? O que pensaria disso aquela viúva pobre que deu as duas últimas moedas e que, pelo menos pelo relato bíblico, não consta que tenha ficado rica? O que pensaria disso aquela senhora pobre da igreja que tem sempre a casa aberta para receber pessoas em necessidade e sempre tem uma palavra de consolo?

Aliás, o que pensaria Paulo, que passou por inúmeras situações desfavoráveis, até mesmo fome (Fp 4:12)? Será que essas pessoas seriam consideradas como de “vida abundante” pelos teólogos da prosperidade? Por outro lado, será que eles consideram os ricos e poderosos do nosso mundo, incluindo aí criminosos e vários políticos desonestos, como pessoas de “vida abundante”?

Marcos 10:29 (e passagens paralelas: Mateus 19:29 e Lucas 18:29,30)

Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna.

Creio que ninguém, em sã consciência, interpreta aquilo tudo literalmente. Se alguém levar o versículo inteiro ao pé da letra, será um pervertido sexual com centenas de filhos (e de mulheres também, se seguirmos a passagem paralela de Lucas!)... Aliás, Jesus falou aquilo para os discípulos. Não consta que Pedro e os demais tenham se tornado milionários depois de abandonar tudo para seguir Jesus – pelo contrário, a maioria deles se tornou mártires. Pedro, por exemplo, continuou vivendo como pescador, e ainda ganhou a "vida abundante" morrendo numa cruz de cabeça pra baixo (se é que é verdade essa história sobre a forma como o apóstolo morreu).

O que Jesus disse é que, se você abrir mão do que tem, vai ganhar uma nova família, vai pertencer à Igreja, ao corpo de Cristo, sua nova família, que representa 100 vezes mais mães, pais, filhos e casas. E, de brinde, ainda vai ganhar perseguições. Aliás, eu me pergunto, por que nenhum desses pregadores da prosperidade cumprem a primeira parte do versículo, que fala sobre abandonar tudo (isso eles só recomendam para as suas ovelhas, que abandonem tudo nas contas bancárias deles), ou ainda o que está um pouco antes, no verso 21, quando Jesus diz ao jovem rico que este deveria vender todos os seus bens e dar o dinheiro aos pobres?

II Coríntios 8:9

... pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos.

Citado fora do contexto, esse versículo parece indicar que Jesus se tornou pobre para que todos os cristãos se tornassem ricos. Comecemos a ler o capítulo 8, no entanto, e veremos que Paulo elogia a igreja dos macedônios, que era pobre, e dá um “sabão” na igreja dos coríntios, que era rica. A igreja que era pobre era a mais generosa (o que já contraria a teologia de que ofertar é "semear bens materiais", uma vez que eles eram liberais e continuavam pobres), enquanto que a igreja rica era a mais avarenta.

Paulo então repreende os coríntios, e os exorta a serem como Jesus, que era rico e se fez pobre. Se eles eram ricos, é porque um dia Cristo se fez pobre, e eles deveriam fazer o mesmo em prol do sustento de Paulo e outros apóstolos/missionários, abrindo mão de sua riqueza. Não está escrito ali que Cristo se fez pobre para todos os cristãos fossem ricos (tanto é assim que os macedônios ainda eram pobres, e não era por causa de falta de generosidade).

O que está escrito é que, se os coríntios eram ricos, era por causa da misericórdia de Cristo, que abriu mão da Sua própria riqueza em prol deles.

III João 2

Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma.

Sabemos que Jesus prometeu perseguições (citando, de novo, Mc 10:29). No entanto, quem tem o costume de escrever "desejo que você seja perseguido”?

Mesmo que seja uma certeza da Palavra de Deus as perseguições por causa do Reino, ninguém as deseja, e isso é perfeitamente natural. Nosso desejo é saúde e prosperidade – agora, se Deus deseja dar isso para nós ou não, cada caso é um caso, e vai depender da soberania divina. Eu desejo saúde para todos os que amo (assim como o apóstolo João desejava a prosperidade do destinatário daquela carta), mas não tenho certeza se essa é a vontade de Deus. Se Ele quiser, na Sua vontade soberana, que alguém morra como mártir ou morra de câncer, essa pessoa tem que dizer como Jó, "o Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o nome do Senhor". Mas eu posso perfeitamente escrever que o que eu desejo é saúde para quem quer que seja. Foi isso que João escreveu para seu destinatário, mas não necessariamente aquilo era a vontade de Deus. Não faria sentido João ter escrito "desejo perseguições pra você"...

Marcos 11:22,23

Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus; porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele.

Esse ensinamento de Jesus é usado para justificar o ato de falar com as enfermidades, e ainda o uso de verbos como “decretar” ou “determinar”, que são verbos perfeitamente adequados para estarem na boca do Deus Todo-Poderoso, mas nunca de criaturas finitas e falíveis como nós.

Temos, de fato, alguns exemplos bíblicos de pessoas falando para as coisas ou executando algum ato e algo acontecendo por causa disso. Temos o caso de Jesus, que repreendeu a tempestade e o mar se acalmou, e ainda repreendeu a febre da sogra de Pedro (Lc 4:39). Acontece que Jesus, mesmo assumindo forma humana, nunca deixou de ser Deus. Mesmo assim, temos casos de pessoas comuns fazendo algo semelhante: Moisés colocou o cajado no mar e este se abriu (Nm 14:16,21); recebeu ordem de Deus para apenas falar com a rocha e esta soltaria água (Nm 20:8); Pedro mandou o coxo se levantar e este foi curado (At 3:6), entre outras coisas. Será, então, que isso significa que podemos fazer o mesmo apenas tendo fé? Depende: fé em quê?

O verso 22 diz “tende fé em Deus”. Ter fé em Deus significa acreditar no que Deus falou. Foi Deus que falou com Moisés para falar com a rocha, que colocou no coração de Pedro a certeza de que o coxo seria curado, que falou que abriria o mar... Se Deus falar com certeza que uma montanha sairá do lugar, pode falar com ela que ela sai. Caso contrário, vai tudo continuar como está!

Essa passagem não é, portanto, uma carta branca para sair por aí “decretando” e “determinando” as coisas, mas, antes, é um convite a acreditar em tudo que Deus falar – se Ele falar, vai acontecer. Quem decreta e determina é Deus, nós só podemos proclamar o que Ele já decretou e determinou.

Lucas 6:38ª

... dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão.

Trata-se de mais um texto usado fora do seu contexto, principalmente pelos que gostam de dizer que as contribuições financeiras para a obra de Deus são uma espécie de barganha, que rende bens materiais para quem as dá. O argumento de Jesus começa no verso 27. “Amem os inimigos, ofereçam a outra face, bendigam (mesmo aqueles que os maldizem), dêem a quem pede etc.” No verso 31, Jesus arremata: “façam com os outros o que gostariam que os outros façam com vocês”. Se assim fizermos, se tratarmos bem as pessoas, se dermos nossas coisas para aliviá-las quando tiverem necessidade, a conseqüência lógica é que também elas nos socorrerão quando precisarmos – e nos darão medida plena, recalcada, transbordante... Se, por outro lado, as julgarmos com severidade (verso 37), seremos julgados assim também. É a lei da semeadura e da colheita. Tratem os outros bem e vocês receberão o mesmo em troca – e isso não tem nada a ver com dar ofertas à igreja em troca de bênçãos materiais.

Mateus 16:19, Mateus 12:29 e Marcos 3:27

Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus. Ou como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? E, então, lhe saqueará a casa. Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só então lhe saqueará a casa.

Essas passagens são usadas para justificar a expressão “tá amarrado em nome de Jesus”, ou qualquer outro ritual para “amarrar” os demônios (em algumas versões em inglês “ligar”, em Mateus 16, é “bind”, ou seja, “amarrar”).

Também são usadas para justificar doutrinariamente uma suposta “legalidade” que o diabo e os demônios teriam para agir. Em outras palavras, na teologia da prosperidade e da confissão positiva, quem dá poder para os demônios agirem (ou tira esse poder) são as pessoas e não Deus. Deus só observaria, passivo, as atitudes das pessoas, que neste caso dão ou tiram o poder para que os seres espirituais ajam. A soberania de Deus, assim, se torna um mero detalhe, e Deus, de supremo controlador e sustentador de todas as coisas, passa para o posto de mero expectador, sendo constantemente ameaçado pelas forças do mal e precisando constantemente ser defendido por ninguém menos que nós, criaturas com o poder de “amarrar” os demônios...

Primeiramente, é preciso mencionar que a gramática de Mt 16:19 não diz que nós “amarramos” ou “ligamos” na terra e só então se “amarra” ou “liga” algo nos céus, mas exatamente o contrário. O tempo verbal grego, literalmente traduzido, é: “tudo que ligardes na terra terá sido ligado no céu”. “Terá sido” implica que primeiro foi ligado no céu, para só então nós ligarmos na terra. Em outras palavras, primeiro no céu, depois na terra, essa é a ordem – como, aliás, qualquer outra coisa que Deus faz: primeiro Deus toma a iniciativa, depois o homem segue o que Ele decretou. Esse entendimento acaba com o orgulho humano, uma vez que tira do homem qualquer possibilidade de mudar a Deus, que por falar nisso é imutável e sem qualquer sombra de variação (Tg 1:17). É verdade que Tiago diz que a oração do justo é eficaz, mas curiosamente o exemplo dado por ele foi o de Elias orando para não chover (Tg 5:17,18).

Quem, afinal, colocou no coração de Elias o desejo de orar para que não chovesse, foi o próprio Elias que convenceu a Deus ou foi Deus que moveu o profeta? Em segundo lugar, vale lembrar que o texto de Mateus não tem absolutamente nada a ver com “amarrar demônios”.

Quanto aos textos sobre “amarrar o valente”, é importante entender que Jesus não estava ensinando táticas para derrotar demônios, mas fazia apenas uma analogia entre um ladrão que invade uma casa e amarra o dono para poder roubar e aquele que expulsava os demônios (no caso, Ele próprio). Jesus havia sido acusado de expulsar demônios por ser o maioral deles, e usou dessa analogia para explicar que não fazia sentido expulsá-los sendo um deles, assim como não fazia sentido invadir uma casa sem amordaçar (ou amarrar) o dono desta. Além do mais, ainda que Jesus estivesse ensinando a amarrar demônios, quem disse que isso se faz gritando uma frase mágica?

Nunca é demais lembrar, também, que Jesus e os apóstolos só expulsaram demônios quando estes se apossavam das pessoas, eles nunca os expulsaram de um determinado lugar, como fazem alguns hoje.

Mateus 13:58 e Marcos 6:5,6

E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles. Não pôde fazer ali nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. Admirou-se da incredulidade deles.

Segundo os proponentes da teologia da prosperidade e da confissão positiva, o poder de Jesus está limitado pela nossa fé. Quanto mais fé tivermos, dizem eles, mais poder Jesus terá, e a prova seria essas passagens, que dizem que Jesus “não pôde fazer muitos milagres em Nazaré por causa da incredulidade das pessoas”. Mais uma vez, Deus é privado da Sua soberania, já que só pode agir se os seres humanos permitirem.

O sentido dessas passagens, no entanto, fica claro quando entendemos para que serviam os milagres de Jesus. Um dos termos gregos usados para “milagre”, embora não seja o que foi usado nessas passagens, mas é muitas vezes usado indistintamente em outras, significa “sinal”. Um sinal é algo que se faz para que alguém veja e creia, ou seja, é como se fosse uma prova jurídica.

Aliás, esse é o termo preferido pelo evangelista João para se referir aos milagres de Jesus. Em Jo 20:30,31, está escrito: “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.”

Em Lucas 4, temos um relato mais detalhado da ida de Jesus a Nazaré e da incredulidade das pessoas de lá, que chegaram ao ponto de tentar matá-lo. A pergunta óbvia que se faz é, por que Jesus iria desperdiçar sinais com pessoas que não estavam dispostas a crer? Não, Jesus não teve seus poderes limitados pela incredulidade do povo, simplesmente não quis fazer sinais se estes não serviriam para nada.

Deuteronômio 28:1-14, Gênesis 39:3, Êxodo 15:26, Josué 1:8, I Crônicas 22:13, II Crônicas 26:5, Salmo 1:3, Salmo 25:13, Salmo 112:1-3 etc.

São as únicas passagens bíblicas ou que prometem prosperidade para quem obedecer ao Senhor ou que relatam que alguém prosperou por causa disso. Não é por acaso que todas elas estão no Antigo Testamento. Na Nova Aliança, não há qualquer promessa de que quem for fiel aos mandamentos de Deus prosperará materialmente ou não estará sujeito às doenças que atingem os demais seres humanos. Assim como, na Velha Aliança, não havia qualquer “promessa”, como há no caso da Nova, de que quem servisse ao Senhor seria perseguido por causa da justiça – mesmo assim, vale lembrar que vários personagens do Antigo Testamento foram perseguidos, como Elias, Daniel e Jeremias.

O fato é que Deus se relaciona com as pessoas por meio de alianças. Estas alianças são feitas conforme o nível de maturidade espiritual na qual a humanidade se encontra. Exemplificando, ninguém trata o filho de 5 anos da mesma forma que trata o que tem 25. Quando o filho pequeno pede uma bala, o pai dá. Quando o filho adulto pede a mesma coisa, geralmente a resposta é “vá trabalhar!”... No Antigo Testamento, Deus tratava as pessoas como um pai trata um filho pequeno: obedeça, seja fiel, que você ganhará muitas recompensas, será feliz, suas colheitas nunca falharão, você será rico, sua mulher nunca será estéril (nem suas vacas), sua saúde será perfeita.

Desobedeça, e os céus não enviarão a chuva, as crias das suas vacas abortarão, seus inimigos o perseguirão... No Novo Testamento, por outro lado, depois que Jesus se humilhou e se esvaziou, tendo se tornado pobre mesmo sendo o criador de tudo e o dono de todo o ouro, Deus passou a tratar a humanidade como um pai que se relaciona com um filho maduro, ou seja, na base do amor e não mais das recompensas. A humanidade já estava madura para entender que deve se relacionar com Deus apenas pelo que Ele é, sem buscar bênçãos materiais e saúde em troca e sem obedecer só pelo medo da punição. Na Nova Aliança, as doenças já não são necessariamente punição pela desobediência, mas muitas vezes podem até ser bênção, já que é em meio à nossa fraqueza que o poder de Deus se aperfeiçoa.

O mais interessante é ver que, ainda na Antiga Aliança, muitos já tinham entendido essa verdade, principalmente no caso dos profetas que foram perseguidos. Notem como é tocante a oração de Habacuque: “ainda que a figueira não floresça, que falte tudo, que todas as colheitas falhem, eu contudo me alegrarei no Senhor” (Hc 3:17,18), ou ainda a forma como Jó, pelo menos no início, reage à perda de tudo: “o Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:21). Por mais absurdo que possa parecer, um defensor da teologia da prosperidade uma vez me disse que Jó errou por não buscar a cura...

Salmo 103:3

Ele é quem perdoa as tuas iniqüidades; quem sara as tuas enfermidades.

Davi estava num momento de alegria em que, provavelmente, tinha acabado de ver curado de uma doença, possivelmente a mesma referida nos salmos 51, 32 e 38, por causa do seu pecado. Ele diz à sua própria alma que seja grata ao Senhor, que é quem cura de todas as enfermidades. Só que Ele cura quando e como quer, e ainda assim se quiser. Eu concordo com Davi, Deus cura tudo (inclusive amputações!), mas só quando quer. Quando Ele diz não, eu me contento com o fato de que o poder dEle se aperfeiçoa na minha fraqueza, na minha enfermidade, na minha tristeza. Aliás, quando Paulo diz em II Co 12:10 que “sente prazer nas fraquezas”, a palavra grega usada para “fraquezas” é exatamente a mesma usada em Mt 8:17 – ou seja, as fraquezas nas quais Paulo sentia prazer eram as mesmas que Jesus levou sobre Si! Por que os teólogos da prosperidade nunca mencionam isso? Será que eles não sabem, ou escondem deliberadamente?

Provérbios 18:21

A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.

Esse texto é usado para justificar muitas coisas, dentre as quais a doutrina das “maldições” e a própria confissão positiva, segundo a qual suas palavras (confissão, no caso) têm algum poder mágico no mundo espiritual.

O livro de Provérbios é um pouco mais complicado quando se trata de colocar passagens no contexto, já que cada provérbio é um dito isolado e não faz parte de uma unidade textual. Por outro lado, existe algo chamado “contexto amplo”, que é a idéia geral do autor ao escrever uma obra, e ainda o estilo literário.

Neste caso, vemos que o livro em questão contém conselhos para a vida prática, discorrendo sobre criação dos filhos, conduta ética, temor de Deus, sabedoria, obediência às autoridades e outras recomendações que, seguidas na nossa vida prática, produzem uma vida coerente e centrada na vontade de Deus. Desta forma, não se trata de um manual de batalha espiritual nem muito menos de um tratado teológico sobre a ação de anjos e demônios, mas é um livro bem “pé no chão”.

Dito isso, podemos entender que o verso em questão trata do uso da língua no nosso quotidiano, e do grande poder que ela tem: com a língua você pode magoar alguém, desfazer uma longa amizade, pode se meter em apuros, principalmente se ofender alguém com mais poder que você, mas também pode manifestar amor, produzir reconciliação, pode evitar até uma guerra.

Quem usa a língua com sabedoria comerá do fruto que essa mesma sabedoria produz, e é isso e nada mais que o verso em questão está dizendo. Em Tiago 3:1-12 temos o mesmo tema novamente, de forma mais elaborada.

I Samuel 24:6 e Salmo 105:15

E disse [Davi] aos seus homens: O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do SENHOR.

Dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.

Com base nesses dois versículos, criou-se dentro do protestantismo o mesmo sistema sacerdotal católico, no qual há uma classe especial de “ungidos” que estão acima dos demais crentes e, além disso, não podem ser criticados ou questionados, pois afinal não se pode “tocar nos ungidos”. Esses tais se dizem procuradores de Deus, verdadeiros mediadores, como era, por exemplo, Moisés em relação ao resto do povo de Israel. Cito essas passagens aqui, portanto, por serem usadas com freqüência pelos líderes que ensinam a teologia da prosperidade.

Mas, afinal, o que significa “ungidos”? “Ungir” significa “derramar óleo sobre”, e era, na cultura judaica antiga, a forma como os sacerdotes e reis eram iniciados no seu ofício. Em outras palavras, a unção credenciava o indivíduo para ser mediador entre Deus e as outras pessoas. Por esta razão Jesus é chamado de Cristo ou Messias, que são palavras que significam “ungido”. No Novo Testamento, contudo, o termo “unção” só aparece duas vezes, dentro da mesma passagem, em I Jo 2:20 e 27, que é um texto que diz que todos nós recebemos a unção do alto – em outras palavras, bem de conformidade com a doutrina protestante, todos nós somos sacerdotes. A palavra “ungido”, por outro lado, só aparece na sua forma transliterada do grego, ou seja, Cristo, se referindo a Jesus e nunca aos líderes da igreja, nem mesmo aos apóstolos.

E quanto aos versículos de I Sm 24:6 e Sl 105:15? A primeira passagem fala de Saul, ungido como rei, e a segunda fala dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, que Deus aqui chama também de ungidos. “Tocar”, “estender a mão contra” e “maltratar”, em ambos os contextos, significa utilizar de violência física e não a crítica ou o questionamento. Não há qualquer legitimidade exegética para transpor essas passagens do seu contexto original e aplicá-las aos líderes da igreja, por mais abençoados que estes supostamente sejam. O leitor pode ficar tranqüilo, o seu líder não é infalível nem intocável, quem crê dessa forma é o catolicismo em relação ao papa. Se o seu líder falar ou ensinar algo que não se harmoniza com as Escrituras, ele deve sim ser confrontado (com respeito e submissão, obviamente, afinal, a não ser que ele seja um usurpador, Deus o colocou como líder) e, se ele tentar usar de intimidação citando as passagens já citadas, desconfie das intenções dele.

Caro leitor, se você gostou (também se não gostou) deste artigo e quiser fazer alguma observação, crítica, correção ou agradecimento, sinta-se encorajado a me escrever. Gostaria muito de saber sua opinião!

Referências bibliográficas auxiliares

Sobre a teologia da prosperidade:

HANEGRAAFF, Hank. Cristianismo em crise. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em crise: decadência doutrinária na igreja brasileira. São Paulo: Mundo Cristão, 1996.
YANCEY, Philip. Decepcionados com Deus. São Paulo: Mundo Cristão.

Sobre a interpretação bíblica:

FEE, Gordon D; STUART, Douglas. Entendes o que lês? São Paulo: Vida Nova, 1997.
ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1994.

Fonte: Bereianos.